John Murray
O termo ética se deriva do vocábulo grego ethos ou ethos. A palavra ‘maneiras' é usada para denotar conduta ou prática; esse uso corresponde ao significado do termo grego em 1Co15.33, ‘bons costumes' (ethe chresta). A ética se refere, portanto, à maneira de vida ou de conduta. No Novo Testamento o termo usado para denotar a maneira de vida é, mais caracteristicamente, anastrophe, e seu verbo correspondente (cf. 2Pe 3.11). A ética bíblica diz respeito à maneira de vida que a Bíblia prescreve e aprova. De conformidade com as Escrituras, entretanto, conduta ou ‘maneiras' nunca podem ser disassociadas do complexo de disposições que se expressa em comportamento observável. A ética que é requerida pela Bíblia diz respeito ao coração do homem, porque ‘dele procedem as fontes da vida' e ‘como imagina em sua alma, assim ele é' (cf. Pv 4.23; 23.7; Mc 7.18-21; Lc 16.15; Hb 4.12). Os mandamentos de Deus são freqüentemente vasados em termos da ação externa requerida ou proibida. Porém, não devemos supor que esses mandamentos dizem respeito meramente às ações (cf. Mt 5.28; Rm 13.9, 10).
I. A unidade
Poderia ser facilmente asseverado que não existe unidade básica na ética que a Bíblia prescreve e que é exemplificada nas várias eras da história bíblica. Ao tratar dessa questão diversas observações e distinções têm de ser feitas. (a) Precisamos admitir o fato e a significação de uma revelação progressiva. Deus foi revelando Sua vontade progressivamente aos homens. Portanto, nos primeiros anos da história da revelação, a regra de conduta não era tão plenamente revelada como o foi em períodos posteriores. A revelação, no que respeita à história deste mundo, atingiu seu final no Novo Testamento, focalizado principalmente na vinda e realização de Cristo. Temos nestes últimos dias a plenitude da revelação e da graça de levar a revelação da vontade de Deus até sua frutificação mais rica. Para quem tanto é requerido, mas é exigido. Isso explica porque certas práticas dos santos do Antigo Testamento, claramente inconscientes com a ética do Novo Testamento, foram toleradas e não foram visitadas com penalidades religiosas ou civis durante o período do Antigo Testamento. (b) A prática atual dos santos não deve ser equiparada com a ética bíblica; esta última se refere àquilo que Deus exige, e não às falhas ou realizações dos homens. (c) A queda do homem afetou materialmente o conteúdo da ética que governa a conduta do homem. Novas provisões foram necessárias para tratar com a situação radicalmente diferente que foi criada. Por exemplo, por motivo do pecado e da vergonha resultante, o vestuário seria uma instituição que não teria qualquer relevância necessária num estado impecável (cf. Gn 2.25; 3.21). E as diversas sanções penais surgiram em vista da presença do pecado. A unidade da ética bíblica toma plena consideração das exigências criadas pelo pecado e pela culpa. (d) Devemos distinguir entre permissão e sanção, tolerância e aprovação, quando estivermos tratando das práticas prevalecentes no período do Antigo Testamento. Nosso Senhor enuncia claramente essa distinção em conexão com o divórcio permitido por Moisés (Dt 24.1-4). Moisés, diz ele, permitiu o divórcio, ‘entretanto, não foi assim desde o princípio' (Mt 19.8). A ordenança original de Gn 2.24, para a qual Jesus apelou (Mt 19.5), não provia a oportunidade de tal divórcio, e de modo algum devemos inferir que a instituição de Gn 2.24 foi suspensa ou abrogada. Essa passagem, semelhantemente, diz respeito à questão da poligamia, e a mesma distinção deve ser aplicada. (e) A redenção tem seu efeito sobre a história da humanidade. Assim como a situação criada pelo pecado exigiu novas provisões reguladoras, assim também a redenção introduz instituições que afetam profundamente a conduta humana que não teriam qualquer relevância num estado não pecaminoso.
Há, entretanto, certa unidade que caracteriza a ética bíblica através de todos os períodos da história humana. As ordenanças da criação são claramente estabelecidas em Gn 1 e 2. Essas são as ordenanças da procriação, do encher a terra, de subjugá-la, de exercer domínio (Gn 1.28), do Sábado (Gn 2.2, 3), do trabalho (Gn 2.15), do casamento e da monogamia (Gn 2.23, 24). É óbvio que a proibição de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, por mais importante que fossem para Adão e Eva, bem como para a raça humana inteira, pertence a uma categoria diferente; só podia ter relevância no estado original de integridade, e pode ser distinguida como uma ordenança de provação. Quando examinamos essas ordenanças da criação vemos quão relevantes elas são para os instintos básicos e para os interesses que estão mais próximos do coração, quão inclusivas são das ocupações que teriam tido lugar no pensamento e na ação do homem, e como se complementam e condicionam uma às outras. Tocam em cada área de vida e comportamento. Poderíamos pensar que a alteração provocada pela entrada do pecado e suas misérias resultantes, haveriam de exigir a abrogação ou pelo menos a modificação dessas ordenanças. Porém, tal não foi o caso. A santidade dessas ordenanças é preservada, e sua relevância e obrigação permanentes são claramente estabelecidas na história subseqüente da revelação (cf. Gn 3.16, 19; 4.1, 2, 17, 25; 5.1-3; 9.7; 11.1-8). Os Dez Mandamentos fornecem o âmago da ética bíblica. Porém, pode-se perceber imediatamente quão íntimos são os pontos de contacto entre o Decálago e as ordenanças da criação. Apesar de que condições e as circunstâncias foram revolucionadas pelo pecado, a estrutura básica desta terra e da vida humana na mesma não foi destruída.
Poderíamos esperar que essa unidade só fosse realidade quanto a princípios gerais. O homem foi criado segundo a imagem de Deus. A norma reguladora fundamental da obrigação humana deve, portanto, ser semelhança a Deus naqueles pontos que são apropriados à natureza de criatura possuída pelo homem. A lei de Deus para o homem é simplesmente a perfeição de Deus que se expressou visando regulamentar o pensamento e a conduta humanos consoantemente com essa perfeição. Visto que Deus não muda, e visto que a obrigação a Deus não pode ser abrogada, qualquer alteração radical na ética imperativa é algo simplesmente inconcebível.
II. Conteúdo
O conteúdo da ética bíblica é a soma-total dos informes revelatórios exibidos nas Escrituras que dizem respeito ao comportamento humano. Essa soma-total compreende grande variedade. Inclui o registro dos erros cometidos, bem como a desaprovação divina contra os mesmos, e também os mandamentos e o registro da boa prática e sua conseqüente aprovação divina. Que há muitos lados no testemunho bíblico é, portanto, algo evidente, e até mesmo uma exposição passageira requeriria volumes para que se o fizesse. Essa complexidade procede da complexidade da vida humana e da inumerável variedade das situações em que os homens podem encontrar-se. A grandiosidade da revelação bíblica é que, por sua riqueza e plenitude, ela é adequada para cada situação em que porventura sejamos colocados. As Escrituras foram designadas para ‘a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (vd 2Tm 3.16 e seg.).
Porém, embora exista essa variegada diversidade, torna-se igualmente claro que a Bíblia nos provê com um sumário daquilo que é normativo par o pensamento, a vida e o comportamento. O testamento bíblico, naquilo que respeita à complexidade da vida e ao vasto alcance da obrigação divina, está organizado em torno de um âmago central de princípios éticos. Esses são os Dez Mandamentos. Conforme foram promulgados no Sinai, foram a forma concreta e prática dos princípios que não estavam recebendo pela primeira vez a sua relevância. Temos evidência explícita de que estavam em vigor e foram sancionadas antes do Sinai (cf. Gn 1.2,3; Êx 16, 22, 23; Gn 4.10-12, 23, 24; 6.11; 9.5, 6; 26.9, 10; 39.9). Visto que não começaram a ter relevância no Sinai, semelhantemente não cessaram de ter relevância quanto a economia mosaica foi abrogada. Nosso Senhor mesmo, ao promulgar a lei do Seu reino, disse: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas” (Mt 5.17), e no discurso subseqüente Ele indicou como isso diz respeito ao Decálogo. Ele passou a interpretar e aplicar diversos desses mandamentos e a vindicar sua santidade no reino que veio estabelecer (Mt 5.21-26, 27, 28, 33-37). Paulo, semelhantemente, quando está tratando sobre os detalhes da obrigação do crente, ilustra a lei que o amor cumpre ao citar cinco desses mandamentos (Rm 13.9). E Tiago, caracteristicamente zeloso pelas boas obras que são frutos e a prova da fé, mostra-se insistente sobre a necessidade de ter consideração pela lei de Deus em sua inteireza, dizendo: “Pois, qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos. Porquanto, aquele que disse: Não adulterarás, também ordenou: Não matarás” (Tg 2.10,11). Nesses mandamentos temos um índice daquilo que Tiago queria dizer ao falar sobre a lei da liberdade como critério do bem e norma de julgamento (cf. 2.12).
Os Dez Mandamentos dizem respeito às mais fundamentais de nossas relações, primeiramente para com Deus, e então para com nossos semelhantes humanos. Nenhum sumário poderia ser mais exclusivo. Enunciam as santidades básicas que governam a crença, a adoração e a vida – a santidade do ser de Deus, de Sua adoração, de Seu nome, de Seu dia como dia de descanso e adoração, a santidade da honra aos pais, da vida, do sexo, da propriedade, da verdade, e do contentamento com nossa sorte. Que esses mandamentos governam o comportamento na esfera da redenção é deixado claro desde a ocasião de sua promulgação no Sinai. Sua santidade é destacada pelo seu prefácio: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão” (Êx 20.2). Quanto maior é a obrigação da redenção da qual o Êxodo foi um mero tipo!
III. O Motivo
A confusão tem freqüentemente surgido com referência à palavra de Cristo que ensina que de dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas (Mt 22.37-40; Mc 12.30, 31; Lc 10.27; cf. Dt 6.5) e com referência ao ensino de Paulo de que ‘o cumprimento da lei é o amor'(Rm 13.10). Tais textos tem sido interpretados como se significassem que na ética cristã o amor substituiu a lei. Não podemos torcer tanto as palavras de Jesus ou a afirmação de Paulo. O lugar do amor deve ser completamente apreciado. Mas o amor não deve ser equiparado com a lei, nem se deve imaginar que possa abrogá-la.
Nas palavras de Jesus e de Paulo existe uma óbvia distinção entre o amor e a lei que depende do mesmo, e entre o amor e a lei que aquele cumpre. O amor não é essa lei. Portanto, há certa parte da lei que não pode ser definido pelo próprio amor. E Paulo deixa claro o que ele queria dizer por lei como algo distintivo do amor, ao citar, no contexto anterior, diversos preceitos do Decálogo (Rm 13.9). Portanto, não podemos falar sobre a lei do amor, se com isso estamos querendo dizer que esse amor é a própria lei.
O amor é o cumprimento da lei, porque constrange a assentimento e a cumprimento daquilo que a lei prescreve. O amor é ao mesmo tempo emotivo e motivador. Visto que o amor é emotivo, cria afinidade com um objeto e afeição pelo mesmo. O cumprimento que o amor constrange, portanto, não é forçado nem involuntário, mas antes, trata-se de uma obediência alegre e espontânea. Fora desse constrangimento e amor impelidor, não existe cumprimento da lei. Cumprimento é obediência, e obediência sempre subentende no consentimento voluntário do coração e da vontade. Quando o amor é todo-infiltrador, então o cumprimento da lei se torna completo. Esse é o testemunho das Escrituras, do princípio ao fim. O exemplo supremo é aquele que é dado por nosso Senhor (cf. Sl 40.8; Jo 4.34). O salmista e o apóstolo confessam a mesma coisa (Sl 119.97; Rm 7.22).
O pecado é inimizade contra Deus, e a inimizade é o oposto ao amor. Visto que todos pecaram, somente pela força da redenção é que esse amor pode ser gerado no coração do homem. É da chama do amor de Deus, manifestado no dom de Seu Filho, que o amor pode ser incendiado em nossos corações. Esse é justamente o sentido da Escritura que diz: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro” (1Jo 4.19), e os versículos anteriores (7-18) desdobram a seqüência. Neste ponto é que podemos encontrar a força motivadora do amor. Quando o amor de Deus para conosco é derramado em nossos corações (cf. Rm 5.5), então o amor por Ele cativa os nossos corações e nos impulsiona para a piedade. O constrangimento do amor e da misericórdia só pode ser conhecido pelo indivíduo que é remido.
IV. O princípio
O princípio governador da ética pode ser afirmado de várias maneiras.
a. É semelhança com Deus. O alvo final do processo ético é conformidade com a imagem do Filho de Deus (Rm 8.29; 2Co 3.18; Fp 3.21). Se esse é o alvo, deve ser constantemente regulador de todo comportamento. O exemplo de nosso Senhor, por esse motivo, bem como por outros, é supremamente normativo. Jesus era santo, inofensivo, sem mácula, e separado dos pecadores, e de nenhum outro poderíamos ser levados face a face com as exigências da santidade e da verdade se não contemplando o Seu exemplo. Até mesmo as realizações sem igual e transcendentais de Sua entrega são aduzidas como coisas que nos fornecem um exemplo que nos permite seguir em Seus passos (cf. Mt 20.25-28; Mc 10.42-45; Fp 2.6-8; 1Pe 2.21-24), não porque O sigamos na desincumbência dessas realizações sem paralelo, mas porque Sua devoção sem reservas à vontade do Pai, em Sua tarefa distintiva, deve ser o exemplo para nós naquela chamada com a qual fomos chamados. Essa conformidade ou semelhança com Cristo, entretanto, é igualmente conformidade com a imagem de Deus. Eis porque a semelhança com o Pai é apresentada como a norma do comportamento do crente. Esse é o próprio sumário de Jesus sobre a lei de Seu reino: ‘Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste' (Mt 5.48). Sendo criaturas feitas à imagem de Deus, estamos obrigados a nada menos que perfeição conformável com aquela perfeição do Pai, como norma e alvo da exigência ética. É semelhança com o Pai que João tinha em mente ao dizer: ‘E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim ele é puro' (1Jo 3.3).
b. É obediência aos mandamentos de Deus. Esse princípio foi escrito a respeito da relação do homem para com Deus desde o princípio: a interrogação feita a Adão registrou sua sanção (Gn 17.10; Ex 19.5; 20.1-17; 24.7). Nosso Senhor mesmo confirmou esse mesmo princípio ao dizer: “Se me amais, guardeis os meus mandamentos” (Jo 14.15). E João, que conhecia a vontade do seu Senhor, reiterou a mesma coisa: “Ora sabemos que o temos conhecido por isto: se guardarmos os seus mandamentos” (1Jo 2.3; cf. Rm 6.16, 17; 2Co 10.5; Hb 5.9).
c. Deve ser agradável a Deus. Nenhuma consideração brilha mais alto, no pensamento do indivíduo santificado, que a necessidade de ser e fazer aquilo que é aprovado por Deus. Enoque andava com Deus, e o tributo que lhe foi prestado é que agradou a Deus (Hb 11.5). A aplicação prática feita por Paulo quanto ao ensino de sua epístola principal começa com a enunciação desse cânon (Rm 12.1, 2). Ele defende seu próprio comportamento apelando para o mesmo como princípio orientador de sua vida (1Ts 2.4; cf. Gl 1.10; 1Ts 4.1). A soberania de Cristo está ligada a este princípio. Cristo morreu e ressuscitou “para ser Senhor, tanto de mortos como de vivos” (Rm 14.9; cf. Fp 2.9-11). O culto a Cristo como Senhor é a garantia de que somos aceitos à Deus (Rm 14.18). A benção não pode implorar benefício maior do que ser tornado perfeito em cada obra, para fazer a vontade de Deus, e isso é definido como operação em nós daquilo “que é agradável diante Dele” (Hb 12.21).
De qualquer ângulo que esta questão seja considerada, pode ser reduzida até à instância que o zelo pela submissão à vontade de Deus e conformidade com a mesma é o princípio orientador da vida estabelecida nas Escrituras.
V. Poder
A impotência total da natureza humana caída é salientada no testemunho da Bíblia. ‘Portanto os que estão na carne não podem agradar a Deus' (Rm 8.8). A única esperança para alguém realizar as exigências da ética bíblica reside nas provisões da redenção, e somente aqueles trazidos para dentro do âmbito da redenção é que são os participantes dessa provisão. Muitos fatores estão incluídos nessa provisão. Umas poucas delas exigem atenção particular.
a. É a relação que o crente sustenta para com a morte e a ressurreição de Cisto que assegura a novidade de vida que a ética bíblica exige. O crente morreu com Cristo e ressuscitou com Ele para novidade de vida (cf. Rm 6.1-10; 2Co 5.14, 15; Ef. 2.1-7; Cl 3.1-4; 1Pe 4.1-4). Há um rompimento definitivo com o pecado, em sua contaminação e poder, envolvido nessa união, e também há uma entrega definitiva à justiça e à santidade (cf. Rm 6.14-18). Porém, a virtude derivada da morte e da ressurreição de Cristo é permanente; reside em Cristo com quem os crentes estão unidos. É essa virtude, que emana de Cristo na qualidade de ressurreto e assunto Senhor, que é o poder contínuo que faz a exigência ética produzir fruto. A comunhão permanente com Cristo e a comunicação com Ele, são as garantias de desejar e fazer as coisas de acordo com a boa vontade de Deus.
b. A ressurreição de Cristo está intimamente relacionada com a obra do Espírito Santo (cf. Jô 14.16, 17, 26; 15.26; 16.7; At 2.32, 33). Cristo mediante a ressurreição é feito Espírito vivificador (1Co 15.45), e Ele é o Senhor do Espírito (2Co 3.18). O poder da ética bíblica é, por conseguinte, o próprio Espírito Santo na qualidade de Espírito de Cristo. A novidade de vida que é conforme o padrão da ressurreição de Jesus é a ‘novidade de espírito' (vd Rm 7.6). Os filhos de Deus são conduzidos pelo Espírito (Rm 8.14), andam pelo Espírito (Gl 5.16, 25), suas virtudes são conduzidos pelo Espírito (Gl 5.22-24), o amor que é o cumprimento da lei é o amor do Espírito (Rm 15.30). O crente é controlado pelo Espírito que nele habita (cf. 1Co 2.15), e visto que o Espírito Santo é o Espírito da verdade (Jo 14.17; 1Jo 5.6) e do amor, Sua presença permanente traz a verdade até à realização e o amor até seu exercício eficaz.
c. Assim como a iluminação, a orientação e o poder do Espírito Santo são trazidos à consciência do crente, nenhuma reação afeta o comportamento ético de modo mais profundo do que o temor de Deus. O mandamento de amar ao Senhor de todo coração e alma e mente, é o primeiro e maior mandamento (mt 22.37, 38). É o primeiro e é o maior porque Deus é grande. E essa grandeza de Deus é a Sua majestade, refletida na consciência humana em forma de respeito reverente. Esse temor de Deus é o coração da piedade, e consiste na profunda apreensão de Sua majestade, o senso de Sua presença toda-penetrante, e a constante consciência do fato que, em cada detalhe da vida, Sua boa vontade deve ser nossa principal preocupação. Essa é a força constrangedora, e o amor é mero sentimento exceto quando é condicionado pelo senso da grandeza de Deus. O amor precisa ser informado pela verdade, e o temor de Deus é o começo do conhecimento e da sabedoria (Sl 111.10; Pv 1.7; 9.10).
Quanto à ética que as Escrituras exigem e aprovam, a fé em Deus é sua fonte, o amor a Deus é seu motivo impelidor, a lei de Deus é seu princípio orientador, e a glória de Deus é seu alvo dominante. Esses, em resumo, são os critérios, e se inter-penetrarem mutuamente.
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