Ordo Salutis

Venceu Nosso Cordeiro Vamos Segui-LO


16:06

O Valor da Oração de uma Mãe

Postado por Harone Maestri Mattos


Mônica

Esta é a história de uma mãe que orou pelo filho e derramou lágrimas por causa de seus maus caminhos durante 18 anos.

Francisco de Sales, Bispo de Genebra no século 17, diz que Mônica, como Ana, consagrou seu filho a Deus antes mesmo de nascer. William Patton, em um livro escrito sobre oração, incluiu a conhecida história da mãe de Agostinho e sua oração incansável e incessante pelo filho obstinado. Poucas mães têm mostrado tanta perseverança diante do Trono da Graça quanto essa piedosa mulher que seguiu seu filho de cidade em cidade. Suas lágrimas e dores deram frutos incalculáveis como veremos a seguir.

Agostinho cresceu em Cartagena, um jovem de muito talento e fortes paixões que o levaram a excessos sensuais e orgulho intelectual, fazendo-o enveredar-se, inclusive, na heresia do maniqueísmo.

Sua mãe, Mônica, uma piedosa cristã, pranteava com o mais profundo pesar pelos pecados e erros do talentoso filho e não cessava de orar por sua conversão, dia e noite. Agostinho fala sobre isto afetivamente em seu livro Confissões:

Tu enviaste tua mão do alto e atraíste minha alma das profundas trevas. Minha mãe, tua serva fiel, chorando diante de ti, discerniu a morte em que me encontrava, e tu a ouviste, ó Senhor. Tu a ouviste e não desprezaste suas lágrimas, as quais, fluindo, molhavam o solo sob seus olhos em todos os lugares onde ela orava. Sim, tu a ouviste; pois de onde veio esse sonho pelo qual tu a confortaste?

O sonho foi uma visão do filho, simbolicamente representado como vindo para a mesma posição de fé e vida em que ela estava. Entretanto, sua fé foi submetida a um longo teste.

Passaram-se quase nove anos nos quais eu caminhava na direção daquele profundo poço e das trevas da falsidade, com frequência ensaiando me erguer, mas lançado para baixo da mais penosa forma. Por todo esse tempo, aquela viúva pura, piedosa e sóbria (tal qual tu amas), ora animada com a esperança, no entanto não se relaxando de modo algum em seu choro e lamento, não cessava, em todas as horas de sua devoção, de prantear meu caso diante de ti.

Sua mãe rogou a um bispo que argumentasse com ele. Mas vendo que era muito obstinado e ensoberbecido para ser ganho daquela forma, o bispo replicou: “Deixe-o sozinho por algum tempo; apenas ore a Deus por ele. Ele irá por si mesmo, por meio da leitura da Palavra, descobrir que erro é esse e quão grande é a sua impureza”. Quando Mônica insistiu em seu ponto, ele acrescentou: “Segue no teu caminho, e Deus te abençoe; pois não é possível que o filho destas lágrimas venha a perecer”.

“Essa resposta”, diz Agostinho, “ela tomou como se tivesse soado do céu.”

Mas, em seguida, veio uma nova prova de fé e, também, uma ilustração das inesperadas maneiras como Deus responde a uma oração: Agostinho anunciou sua intenção de se mudar para Roma. Desconsolada, sua mãe tristemente pranteou a partida e seguiu-o até o mar.

Naquela noite eu parti ocultamente, mas ela continuou em choro e oração, com tantas lágrimas, pedindo a ti que não permitisse que eu navegasse [...] Pois ela gostava tanto de me ter consigo, como todas as mães, mas mais do que a maioria; e ela não sabia que grande alegria tu estavas para operar por ela com a minha ausência.

Em Roma, ele lecionou retórica e logo foi para Milão praticar a mesma profissão. Ali se tornou amigo pessoal de Ambrósio, sob cujas pregações, após muitas lutas internas para vencer seus maus hábitos, ele se converteu do erro maniqueísta. Ele estava com seu amigo Alípio na hora da decisão final, e eles a tomaram juntos.

“Então”, Agostinho escreve, “fomos até onde estava minha mãe (ela o havia seguido até Milão) e lhe contamos, relatando em ordem como havia acontecido. Ela então saltou de alegria e triunfo e bendisse a ti, que é capaz de fazer mais do que pedimos ou pensamos.”

Não seria correto dizer que Mônica sofreu dores de parto para o nascimento de seu filho, tanto espiritual quanto fisicamente? Que mãe não extrairia encorajamento de seu exemplo para orar com fé pela conversão dos filhos? E quem pode imaginar como Deus honrará a importunação e perseverança dos pais? As orações de Mônica levaram Agostinho à salvação, e ele teve grande impacto sobre a Igreja, influenciando a mente de Lutero, Melanchthon, Calvino, Knox e outros reformistas, mais do que qualquer outro autor.

Muitos se contentam com a vida cristã superficial e não têm qualquer anseio profundo pela salvação dos filhos, não conseguem entender como é que alguns pais possuem uma fé firme e podem prevalecer tanto em oração. É por meio da habitação do Espírito Santo em pais verdadeiramente consagrados que eles conseguem perceber a necessidade de conversão, são cheios do intenso anseio pela salvação dos filhos e capacitados a rogar, com vasto entendimento, pela aliança e pelas promessas de Deus.

Amelia Taylor

Hudson Taylor nasceu num lar cristão. Apesar de ter sido dedicado ao Senhor desde o nascimento, do ambiente propício e dos ensinamentos de pais tementes a Deus, o coração dele tornou-se frio e cético durante a adolescência. Foram as orações da irmã e, especialmente, da mãe que abriram o caminho para uma verdadeira experiência de conversão.

A seguir, o relato da intervenção de Deus em suas próprias palavras:

Num dia, do qual jamais poderei me esquecer, estando minha mãe ausente de casa, fui até a biblioteca do meu pai à procura de algum livro com o qual pudesse me entreter durante um tempo livre. Era um feriado, e eu tinha apenas 17 anos de idade na época. A princípio, nada me atraiu. Mas revirei um pequeno cesto de panfletos e escolhi dentre eles um que tinha conteúdo cristão e que me pareceu interessante. Pensei assim: “Deve haver uma história no princípio e um sermão ou aplicação moral no final. Eu ficarei com o primeiro e deixarei o outro para aqueles que gostam disso”.

Acomodei-me para ler o livreto num estado mental totalmente despreocupado, acreditando realmente que, se existisse salvação, não era para mim e com uma intenção consciente de colocar o panfleto de lado tão logo a leitura ficasse chata.

Naquele momento, eu nem imaginava o que estava se passando no coração de minha mãe, a 120 quilômetros de distância. Ela havia-se levantado da mesa do almoço com um intenso anseio pela conversão de seu filho. Sentiu que, pelo fato de estar ausente de casa e com mais folga do que normalmente teria, Deus lhe estava dando uma oportunidade especial de suplicar a meu favor. Foi, então, para o seu quarto, passou a chave na porta e resolveu não sair dali até que suas orações fossem respondidas. Hora após hora, aquela mãe rogou por mim até que não conseguiu mais orar, mas se sentiu constrangida a louvar a Deus pela convicção de que sua oração já fora respondida.

Durante esse mesmo tempo em que ela estava clamando a Deus, eu estava lendo o folheto, e uma frase, em especial, impressionou-me: “a obra consumada de Cristo”. Fiquei a pensar: “Por que o autor utilizou essa expressão e não ‘a obra redentora’ ou ‘a obra expiatória’ de Cristo?”

Imediatamente as palavras “está consumado” vieram à minha mente. O que estava consumado? E eu mesmo respondi imediatamente: “Uma expiação plena, perfeita e satisfatória pelo pecado. A dívida foi paga pelos nossos pecados – e não apenas pelos nossos, mas pelos do mundo inteiro”.

Veio, então, mais este pensamento: “Se toda a obra está consumada e a dívida completamente paga, o que me resta fazer?”

Com isso, raiou a convicção jubilante, como luz, que em minha alma brilhou por meio do Espírito Santo, de que nada havia no mundo para ser feito a não ser ajoelhar-me e aceitar esse Salvador e sua salvação, e louvá-lo para sempre.

Assim, enquanto aquela mãe estava louvando a Deus, ajoelhada em seu quarto, seu filho louvava a Deus na velha biblioteca do pai, à qual ele havia-se dirigido para se entreter com uma leitura qualquer.

Vários dias se passaram e, quando sua mãe retornou, ele foi o primeiro a ir-lhe ao encontro para lhe dizer que tinha boas novas a lhe contar. Sua mãe o abraçou, dizendo: “Eu sei, meu filho; já estou me alegrando há 15 dias com as boas novas que você tem para me contar!”

Uma pobre lavadeira

Alguns anos atrás, uma pobre mulher foi compelida a trabalhar como lavadeira, devido às necessidades financeiras que sua família estava passando. Enquanto trabalhava no tanque com água e sabão, suas lágrimas se misturavam com a espuma ao mesmo tempo em que derramava diante de Deus o encargo de seu coração pela salvação do filho. Ela não teve seu pedido rejeitado, e seu garoto, Edward Kimball, nasceu de novo, no Espírito, e tornou-se um professor de escola dominical com grande responsabilidade por sua classe. Assim como foi gerado pela oração, Kimball passou a sentir um grande encargo por um estudante de 17 anos de idade de sua classe, que se chamava D. L. Moody. Reprimindo qualquer resistência, visitou a sapataria onde Moody trabalhava. Como resultado desse encontro, naquele dia Moody converteu-se. Quão pouco aquela humilde lavadeira seria louvada ou reconhecida por um público admirador pela parte que teve na conversão de Moody, o evangelista que alcançou multidões para Jesus. Mas os registros eternos infalivelmente incluirão todos os elos na corrente da providência. Quão interessante será traçar a fonte de todas as obras de Deus a essa poderosa arma que é a oração!

Ho-Ping

Watchman Nee foi um dos gigantes na história da Igreja do século 20. Sua mãe, Ho-Ping, desempenhou um papel fundamental em sua conversão.

Seu nascimento (em 4 de novembro de 1903, em Suchow, na China) já foi uma resposta de oração. Sua mãe tinha medo que lhe acontecesse o mesmo que sucedera com a cunhada, que teve seis filhas. De acordo com o costume chinês, os meninos eram preferidos. Depois de ter duas filhas, mesmo sendo nessa época apenas uma cristã nominal, ela orou por um filho, prometendo dedicá-lo de volta a Deus. No ano seguinte, ela deu à luz um menino e chamou-o de Shu-Tsu, nome que, em 1925, foi mudado para To-Shang (que significa watchman em inglês e vigia ou atalaia em português).

Em sua juventude, Watchman Nee destacou-se bastante nos estudos por ter uma mente brilhante. Embora observasse tradições cristãs como o batismo, a comunhão e a escola dominical, ele não havia, até então, aceitado Jesus Cristo como seu Salvador pessoal. Ele amava o mundo e almejava a glória terrena. Gostava de ler romances e ir ao cinema, escrevia artigos para jornais e, com o dinheiro que recebia, comprava bilhetes de loteria.

Durante esse período, a China estava passando por grande agitação. Naturalmente, por ser jovem, Watchman Nee foi afetado pelos movimentos políticos ao seu redor. Ao mesmo tempo, desenvolveu uma forte aversão à igreja e aos pregadores. Quando seu pai lhe disse que ele havia sido consagrado a Deus para ser um pregador, sua reação foi a mais negativa possível. “De forma alguma!”, foi sua resposta firme, deixando claro que ele havia planejado o próprio futuro em uma direção completamente diferente. Watchman Nee prometeu que nunca seria pregador.

No final de fevereiro de 1920, Dora Yu, uma das primeiras evangelistas chinesas, foi a Fuchow para realizar reuniões de avivamento na Capela Metodista Tien-An. Ho-Ping, que a conhecia há bastante tempo, compareceu às reuniões e foi salva. Embora tendo sido convidado por sua mãe, Watchman Nee não compareceu às reuniões. Na realidade, naquela época, ele odiava a mãe, por ter sido acusado por ela da quebra de um vaso valioso em sua casa. Ela o surrou e, mesmo descobrindo mais tarde que se enganara, nunca se desculpou.

Agora, no entanto, Ho-Ping havia sido salva. Começou, então, a fazer devocionais com sua família. Em uma dessas ocasiões, quando ela começou a tocar ao piano o primeiro hino, foi profundamente tocada pelo Espírito de Deus. Ela sentiu que deveria fazer uma confissão ao filho antes que pudesse adorar ao Senhor publicamente. Para a completa surpresa de toda a família, ela repentinamente se levantou, caminhou até seu filho, envolveu-o nos braços e pediu: “Por amor do Senhor Jesus, por favor, perdoe-me por bater em você injustamente e com raiva”.

Isso tocou Watchman Nee profundamente. Ele nunca havia ouvido um pai ou uma mãe de origem chinesa assumindo a culpa. Se a sua própria mãe pôde ser assim transformada, deveria haver algo poderoso na pregação da evangelista visitante. Cristianismo, ele pensou, deve ser mais do que um credo. Essa pregadora deve merecer ser ouvida. Então, na manhã seguinte, ele disse à mãe que estava pronto para ir ouvir Dora Yu.

O jovem Watchman Nee realmente foi, como havia prometido, e seu coração foi tocado pela Palavra na primeira noite. Ele sabia que o evangelho de Jesus Cristo era verdadeiro. Levaria ainda uns dois meses para ele fazer a entrega total e incondicional de sua vida a Jesus como Senhor, mas a porta fora aberta pela atitude de humilhação e quebrantamento de sua mãe.

Originalmente publicado na Revista À Maturidade, número 26, 1994, Obra Cristã – À Maturidade; publicado com autorização dos Editores. Mais informações sobre a Obra Cristã – À Maturidade: acesse o site www.amaturidade.com.br.

17:12

Andrew Murray (1828 - 1917)

Postado por Harone Maestri Mattos

Um Homem que habitou em Cristo

Andrew Murray nasceu na África do Sul, em 9 de maio de 1828, e morreu em 1917. Seu pai era pastor vinculado à Igreja Presbiteriana da Escócia, que, por sua vez, mantinha estreita relação com a Igreja Reformada da Holanda, o que foi importante para impressionar Murray com o fervoroso espírito cristão holandês. Andrew experimentou o novo nascimento aos 16 anos, na Holanda. Após isso, dedicou muito tempo, muitas madrugadas, a orar por um avivamento em seu país e a ler sobre experiências desse tipo ocorridas em outros países.

Foi para a Inglaterra com 10 anos e quando retornou para a África do Sul como pastor e evangelista, levou consigo um reavivamento que abalou o país. Seu ministério enfatizava especialmente a necessidade de os cristãos habitarem em Cristo. Isso foi despertado especialmente quando, ao voltar para a África, deparou-se com a grande extensão geográfica em que deveria ministrar. Aí começou a sentir necessidade de uma vida cristã mais profunda. Murray aprendeu suas mais preciosas lições espirituais por meio da Escola do Sofrimento, principalmente após uma séria enfermidade. Sua filha testificou que, após essa doença, seu pai manifestava “constante ternura, serena benevolência e pensamento altruísta”. Essa foi uma expressão de sua fé simples em Cristo e a Ele rendida.

Seu ministério, pela influência recebida do pai, foi caracterizado por profunda e ardente espiritualidade e por ação social. Em 1877, viajou pela primeira vez aos Estados Unidos e participou de muitas conferências de santidade nos EUA e na Europa. Sua teologia era conservadora, e se opunha francamente ao liberalismo. Em seus livros, enfatizou a consagração integral e absoluta a Deus, a oração e a santidade.

Durante os últimos 28 anos de sua vida, foi considerado o pai do Movimento Keswick da África do Sul. Muito dos aspectos místicos de sua obra deve-se à influência de William Law. Murray, assim como Law, Madame Guyon, Jessie Penn-Lewis e T. Austin-Sparks, experimentou o Senhor de forma muito profunda e se tornou um dos mais proeminentes no movimento da vida interior.

Foi acometido de uma infecção na garganta em 1879, a qual o deixou sem voz por quase dois anos. Foi curado dela na casa de uma família cristã em Londres. Como resultado dessa experiência, veio a crer que os dons miraculosos do Espírito Santo não se limitavam à igreja primitiva. Para ele, uma das características da vida vitoriosa era uma profunda e silenciosa percepção de Deus e uma intensa devoção a ele.

Por crer no que Deus pode fazer por meio da obra de literatura, Murray escreveu mais de 250 livros e inúmeros artigos. Sua obra tocou e toca a Igreja no mundo inteiro por meio de escritos profundos, incluindo The Spirit of Christ (O Espírito de Cristo), The Holiest of All (O Mais Santo de Todos), With Christ in the School of Prayer (Com Cristo na Escola de Oração), Abide in Christ (Habite em Cristo), Raising Your Children for Christ (Criando Seus Filhos para Cristo) e Humildade, os quais são considerados clássicos da literatura cristã. Entre tantos que foram ajudados por ele, podemos mencionar Watchman Nee, cujas obras O Homem Espiritual e O Poder Latente da Alma trazem marcas do pensamento de Murray.