III Parte
Por recusar-se a mudar de religião e abraçar o papismo, uma jovem chamada Judit Mandon foi presa a uma estaca, e lançaram-lhe pedaços de madeira de uma certa distância, idêntico ao bárbaro costume que se praticava anteriormente nas terças-feiras de carnaval, o chamado lançamento contra as rochas. Com este procedimento desumano, os membros da pobre moça foram golpeados e mutilados terrivelmente, e finalmente um dos garrotes lhe partiu o crânio.
David Paglia e Pablo Genre, que tentavam escapar em direção aos Alpes, cada um deles com o seu respectivo filho, foram perseguidos e alcançados pelos soldados em uma grande planície. Ali, para se divertirem, cassaram-nos, feriram-nos com suas espadas e correram atrás deles até que caíssem pela fatiga. Quando viram que estavam esgotados e já lhes não podiam mais divertir, despedaçaram-nos e deixaram os seus corpos mutilados naquele mesmo lugar.
Um jovem de Bobbio, chamado Miguel Greve, foi preso na cidade de La Torre e, levado à ponte, foi lançado ao rio. Como era um bom nadador, nadou rio abaixo, ciente que poderia escapar; porém, os soldados e a turba seguiram-no por ambos os lados das margens, apedrejaram-no continuamente, até que, ao receber um certo golpe, perdeu os sentidos, submergiu e afogou-se.
Ordenaram a David Armand que pusesse a sua cabeça sobre um bloco de madeira e, um soldado, com uma marreta, partiu-lhe o crânio.
David Baridona, preso em Vilario, foi levado a La Torre onde, ao negar-se a renunciar à sua religião, foi atormentado; acendiam-lhe pavios de enxofre atados entre os dedos de suas mãos e pés. Depois, arrancaram pedaços de sua carne com tenazes incandescentes, até que ele expirasse.
Giovanni Barolina e sua mulher foram lançados a um tanque de água e obrigados a manter a cabeça submersa através de forcas e pedras, até que se afogassem.
Um grupo de vários soldados foi à casa de José Garniero e, antes de entrar, dispararam contra a janela, a fim de anunciar a sua chegada. Uma bala de mosquete atingiu um dos seios de sua esposa, enquanto amamentava seu bebê no outro peito. Ao descobrirem a intenção dos soldados, rogou-lhes encarecidamente que poupassem a vida da criança, o que fizeram, e enviaram-lhe imediatamente a uma ama-de-leite católica. Em seguida, tomaram o marido, enforcaram-no em sua própria porta, deram um tiro na cabeça da mulher e deixaram-na banhada em seu sangue.
Um ancião chamado Isaías Mondon, piedoso protestante, fugiu dos perseguidores, os quais não tinham qualquer misericórdia, e refugiou-se na greta de uma penha, onde sofreu as mais terríveis privações; em meio ao inverno, viu-se obrigado a deitar-se sobre a pedra bruta, sem nada para cobrir-se; alimentava-se das raízes que era capaz de arrancar ao redor de seu mísero habitáculo; e a única forma de conseguir algo para beber era colocar neve na boca até que esta se fundisse. Contudo, até mesmo neste esconderijo encontraram-no alguns dos desumanos soldados que, depois de golpeá-lo implacavelmente, feriram-no com a ponta de suas espadas e levaram-no até Lucerna. Completamente debilitado pelas circunstâncias passadas, e esgotado pelos golpes recebidos, caiu no caminho. Eles começaram novamente a golpeá-lo para obrigá-lo a seguir; porém, de joelhos, implorou-lhes que o matassem e pusessem fim aos seus sofrimentos. Finalmente, cederam ao seu pedido, e um dos soldados aproximou-se dele, desferiu-lhe um tiro na cabeça com uma pistola, com a seguinte expressão: “Tome, herege, aqui tens o que pediste!”.
Maria Revol, uma digna protestante, recebeu um disparo nas costas enquanto caminhava por uma rua. Caiu ao solo ferida, mas, ao recobrar a força suficientemente, pôs-se sobre os seus joelhos, levantou as suas mãos ao céu e orou fervorosamente ao Todo-Poderoso; então, vários dos soldados, próximos a ela, dispararam muitos tiros contra a mulher, que foi ferida por muitas balas, o que imediatamente pôs fim aos seus sofrimentos.
Vários homens, mulheres e crianças esconderam-se em uma grande caverna, onde permaneceram a salvo durante várias semanas. Era costume os homens saírem quando se fazia necessário, para que procurassem provisões secretamente. Porém, um certo dia, foram vistos e a caverna foi descoberta, e pouco depois apareceu diante da entrada desta uma tropa católica. Os papistas que se reuniram ali naquela ocasião eram vizinhos e amigos íntimos dos protestantes que se esconderam na caverna; e alguns eram inclusive parentes. Por esta razão, os protestantes imploraram-lhes pelos laços da hospitalidade, pelos vínculos do parentesco e como velhos conhecidos e vizinhos, que não os assassinassem.
Mas a superstição vence a todos os sentimentos naturais e humanos, e os papistas, cegos pelo fanatismo, disseram-lhes que não era justo mostrar graça alguma a hereges; portanto, deveriam preparar-se para morrer. Ao ouvirem isto, e conhecedores da obstinação assassina dos católicos, os protestantes prostraram-se, levantaram as mãos ao céu, oraram com grande sinceridade e fervor, lançaram-se sobre o solo e esperaram por sua sorte, que imediatamente foi selada, pois os papistas lançaram-se sobre eles com fúria selvagem, reduziram-nos a pedaços e deixaram na caverna seus corpos mutilados.
Giovanni Salvagiot passou em frente a uma igreja católica e não fez sequer uma vênia, como ato de reverência. Foi seguido por alguns dos fiéis, que se lançaram sobre ele e o assassinaram.
Jacó BarreI e sua esposa foram feitos prisioneiros pelo conde de St. Secondo, um dos oficiais do duque de Sabóia, e entregues aos soldados, que cortaram os seios da mulher, o nariz do homem, e logo os mataram com um tiro na cabeça de cada um.
Um protestante chamado Antonio Guido, que estava vacilante, foi a Venero com a intenção de renunciar à sua religião e abraçar o papismo. Comunicado o seu intento a alguns sacerdotes, estes o elogiaram muito, e agendaram um dia para a sua retratação pública. Neste ínterim, ele percebeu a dimensão de sua perfídia e sua consciência atormentou-lhe de tal maneira, dia e noite, que decidiu não retratar-se, mas fugir. Após empreender a fuga, sentiram a sua falta, foi perseguido e preso. As tropas, durante o caminho, fizeram todo o possível para convencê-lo à sua intenção de retratar-se, mas, ao perceberem que os seus esforços eram inúteis, golpearam-no violentamente no caminho; ao aproximar-se de um grande precipício, ele aproveitou a oportunidade, saltou e espatifou-se.
Um cavalheiro protestante extremamente rico, que vivia em Bobbio, provocado certa noite pela insolência de um sacerdote, respondeu-lhe com grande dureza; dentre outras coisas disse-lhe que o papa era o Anticristo; a missa, uma idolatria; o purgatório, uma farsa; e a absolvição, uma falácia. Para vingar-se, o sacerdote contratou cinco marginais que naquela mesma noite invadiram a casa do cavalheiro e apoderaram-se dele com violência. Ele se assustou tremendamente e implorou-lhes, de joelhos, que o poupassem; porém, os marginais o mataram sem vacilar.
Por recusar-se a mudar de religião e abraçar o papismo, uma jovem chamada Judit Mandon foi presa a uma estaca, e lançaram-lhe pedaços de madeira de uma certa distância, idêntico ao bárbaro costume que se praticava anteriormente nas terças-feiras de carnaval, o chamado lançamento contra as rochas. Com este procedimento desumano, os membros da pobre moça foram golpeados e mutilados terrivelmente, e finalmente um dos garrotes lhe partiu o crânio.
David Paglia e Pablo Genre, que tentavam escapar em direção aos Alpes, cada um deles com o seu respectivo filho, foram perseguidos e alcançados pelos soldados em uma grande planície. Ali, para se divertirem, cassaram-nos, feriram-nos com suas espadas e correram atrás deles até que caíssem pela fatiga. Quando viram que estavam esgotados e já lhes não podiam mais divertir, despedaçaram-nos e deixaram os seus corpos mutilados naquele mesmo lugar.
Um jovem de Bobbio, chamado Miguel Greve, foi preso na cidade de La Torre e, levado à ponte, foi lançado ao rio. Como era um bom nadador, nadou rio abaixo, ciente que poderia escapar; porém, os soldados e a turba seguiram-no por ambos os lados das margens, apedrejaram-no continuamente, até que, ao receber um certo golpe, perdeu os sentidos, submergiu e afogou-se.
Ordenaram a David Armand que pusesse a sua cabeça sobre um bloco de madeira e, um soldado, com uma marreta, partiu-lhe o crânio.
David Baridona, preso em Vilario, foi levado a La Torre onde, ao negar-se a renunciar à sua religião, foi atormentado; acendiam-lhe pavios de enxofre atados entre os dedos de suas mãos e pés. Depois, arrancaram pedaços de sua carne com tenazes incandescentes, até que ele expirasse.
Giovanni Barolina e sua mulher foram lançados a um tanque de água e obrigados a manter a cabeça submersa através de forcas e pedras, até que se afogassem.
Um grupo de vários soldados foi à casa de José Garniero e, antes de entrar, dispararam contra a janela, a fim de anunciar a sua chegada. Uma bala de mosquete atingiu um dos seios de sua esposa, enquanto amamentava seu bebê no outro peito. Ao descobrirem a intenção dos soldados, rogou-lhes encarecidamente que poupassem a vida da criança, o que fizeram, e enviaram-lhe imediatamente a uma ama-de-leite católica. Em seguida, tomaram o marido, enforcaram-no em sua própria porta, deram um tiro na cabeça da mulher e deixaram-na banhada em seu sangue.
Um ancião chamado Isaías Mondon, piedoso protestante, fugiu dos perseguidores, os quais não tinham qualquer misericórdia, e refugiou-se na greta de uma penha, onde sofreu as mais terríveis privações; em meio ao inverno, viu-se obrigado a deitar-se sobre a pedra bruta, sem nada para cobrir-se; alimentava-se das raízes que era capaz de arrancar ao redor de seu mísero habitáculo; e a única forma de conseguir algo para beber era colocar neve na boca até que esta se fundisse. Contudo, até mesmo neste esconderijo encontraram-no alguns dos desumanos soldados que, depois de golpeá-lo implacavelmente, feriram-no com a ponta de suas espadas e levaram-no até Lucerna. Completamente debilitado pelas circunstâncias passadas, e esgotado pelos golpes recebidos, caiu no caminho. Eles começaram novamente a golpeá-lo para obrigá-lo a seguir; porém, de joelhos, implorou-lhes que o matassem e pusessem fim aos seus sofrimentos. Finalmente, cederam ao seu pedido, e um dos soldados aproximou-se dele, desferiu-lhe um tiro na cabeça com uma pistola, com a seguinte expressão: “Tome, herege, aqui tens o que pediste!”.
Maria Revol, uma digna protestante, recebeu um disparo nas costas enquanto caminhava por uma rua. Caiu ao solo ferida, mas, ao recobrar a força suficientemente, pôs-se sobre os seus joelhos, levantou as suas mãos ao céu e orou fervorosamente ao Todo-Poderoso; então, vários dos soldados, próximos a ela, dispararam muitos tiros contra a mulher, que foi ferida por muitas balas, o que imediatamente pôs fim aos seus sofrimentos.
Vários homens, mulheres e crianças esconderam-se em uma grande caverna, onde permaneceram a salvo durante várias semanas. Era costume os homens saírem quando se fazia necessário, para que procurassem provisões secretamente. Porém, um certo dia, foram vistos e a caverna foi descoberta, e pouco depois apareceu diante da entrada desta uma tropa católica. Os papistas que se reuniram ali naquela ocasião eram vizinhos e amigos íntimos dos protestantes que se esconderam na caverna; e alguns eram inclusive parentes. Por esta razão, os protestantes imploraram-lhes pelos laços da hospitalidade, pelos vínculos do parentesco e como velhos conhecidos e vizinhos, que não os assassinassem.
Mas a superstição vence a todos os sentimentos naturais e humanos, e os papistas, cegos pelo fanatismo, disseram-lhes que não era justo mostrar graça alguma a hereges; portanto, deveriam preparar-se para morrer. Ao ouvirem isto, e conhecedores da obstinação assassina dos católicos, os protestantes prostraram-se, levantaram as mãos ao céu, oraram com grande sinceridade e fervor, lançaram-se sobre o solo e esperaram por sua sorte, que imediatamente foi selada, pois os papistas lançaram-se sobre eles com fúria selvagem, reduziram-nos a pedaços e deixaram na caverna seus corpos mutilados.
Giovanni Salvagiot passou em frente a uma igreja católica e não fez sequer uma vênia, como ato de reverência. Foi seguido por alguns dos fiéis, que se lançaram sobre ele e o assassinaram.
Jacó BarreI e sua esposa foram feitos prisioneiros pelo conde de St. Secondo, um dos oficiais do duque de Sabóia, e entregues aos soldados, que cortaram os seios da mulher, o nariz do homem, e logo os mataram com um tiro na cabeça de cada um.
Um protestante chamado Antonio Guido, que estava vacilante, foi a Venero com a intenção de renunciar à sua religião e abraçar o papismo. Comunicado o seu intento a alguns sacerdotes, estes o elogiaram muito, e agendaram um dia para a sua retratação pública. Neste ínterim, ele percebeu a dimensão de sua perfídia e sua consciência atormentou-lhe de tal maneira, dia e noite, que decidiu não retratar-se, mas fugir. Após empreender a fuga, sentiram a sua falta, foi perseguido e preso. As tropas, durante o caminho, fizeram todo o possível para convencê-lo à sua intenção de retratar-se, mas, ao perceberem que os seus esforços eram inúteis, golpearam-no violentamente no caminho; ao aproximar-se de um grande precipício, ele aproveitou a oportunidade, saltou e espatifou-se.
Um cavalheiro protestante extremamente rico, que vivia em Bobbio, provocado certa noite pela insolência de um sacerdote, respondeu-lhe com grande dureza; dentre outras coisas disse-lhe que o papa era o Anticristo; a missa, uma idolatria; o purgatório, uma farsa; e a absolvição, uma falácia. Para vingar-se, o sacerdote contratou cinco marginais que naquela mesma noite invadiram a casa do cavalheiro e apoderaram-se dele com violência. Ele se assustou tremendamente e implorou-lhes, de joelhos, que o poupassem; porém, os marginais o mataram sem vacilar.
0 comentários :
Postar um comentário